Você já ouviu falar em greenwashing? O termo é pouco conhecido por aqui, mas com a crescente popularização da venda de produtos e serviços com o apelo natural e orgânico, torna-se cada vez mais importante entender o seu significado.
A tradução do termo greenwashing para português pode ser algo como “lavagem verde”. Trata-se de uma estratégia de marketing enganosa muito presente no mercado atual. É praticado por empresas, ONGs e até governos. O greenwashing acontece quando uma organização gasta recursos para promover sua marca, produto ou serviço como sendo “verde” e “sustentável” através de marketing e propaganda, mas sem efetivamente tornar o seu negócio mais sustentável. Ou seja, o consumidor adquire algo pensando que é natural, orgânico e ecologicamente correto, quando na verdade não é bem aquilo que se imagina.
O greenwashing está presente em vários setores da economia, mas produtos “naturais” e “orgânicos” são os mais prováveis de cometer pelo menos um dos Sete Pecados da Greenwashing, de acordo com o relatório do TerraChoice “The 2009 Seven Sins of Greenwashing”. Ainda de acordo com o relatório, entre os produtos pesquisados, 98{d472cbc9b4e5b7840d5104aea9a3b0a6f44f9dfecef370459faa46ba60659749} dos produtos no Reino Unido cometeram pelo menos um pecado de Greenwashing.
Saiba como identificar o greenwashing
Há muitas boas empresas com histórias muito bonitas, mas nem todas são o que parecem. Então, como não cair nas artimanhas do greenwashing? Conheça os sete pecados do greenwashing, e com isso, evite ser enganado no futuro:
1. O pecado do “trade-off” camuflado se caracteriza quando um apelo de marketing verde esconde ou acarreta em outro problema potencialmente maior. Um exemplo é o apelo “sem parabenos”. A maioria das marcas “sem parabenos” faz uso de conservantes ainda mais nocivos e poluentes que os parabenos, como a methylisothiazolinone. Outro exemplo é o apelo “vegano”: muitos pensam que o selo vegano garante que o produto seja também natural, biodegradável e livre de químicos poluentes, o que não ocorre com muitas marcas, garantindo apenas que ele é produzido sem nenhum ingrediente de origem animal e que para sua liberação, não foram realizados testes em animais.
2. O pecado da falta de prova ocorre quando os apelos de marketing não são apoiadas por elementos de prova ou de certificação. Esse pecado é extremamente comum: muitas empresas afirmam que utilizam energia renovável, ou que reciclam o seu lixo, por exemplo, mas sem oferecer nenhum número, nenhuma prova ou um relatório de sustentabilidade detalhado comprovando essas afirmações.
3. O pecado da incerteza ocorre quando apelo de marketing é muito genérico e mal definido, tornando-se vago e sem significado, podendo confundir o consumidor. Apelos muito genéricos como “verde”, “ambientalmente correto” ou “eco-conscientes” não têm muito sentido se não forem mais trabalhados e seus significados explicados para o consumidor.
4. O pecado dos selos falsos ocorre quando as marcas estampam seus produtos com imagens parecidas com selos de certificação, levando o consumidor a pensar que os produtos são certificados de fato. No Brasil, existem até casos de marcas que usam selos já existentes, sem passarem pelo processo de certificação, o que é mais grave ainda.
5. O pecado da irrelevância ocorre quando um apelo irrelevante ao produto é enfatizado. Um exemplo é o apelo “sem CFC”, sendo que CFC é proibido por lei há muitos anos. Outro exemplo é o uso do apelo “sem glúten” em alimentos que inerentemente não contém glúten.
6. O pecado do “menos pior” se dá quando o produto afirma ser “verde” quando a própria natureza do produto impossibilita que ele seja ecológico ou tenha benefícios ambientais. Cigarros orgânicos, ou a “Coca Cola Verde” são alguns exemplos. Por mais que a opção orgânica provavelmente polua menos o meio ambiente, ainda são produtos que em sua natureza trazem muitos impactos negativos para o meio ambiente e para a saúde.
7. O pecado da mentira é o pior de todos, quando um apelo é falso. Infelizmente, com a popularização dos produtos ecologicamente corretos e com a crescente conscientização do público, esse pecado tem se tornado bastante comum, pois as marcas querem alcançar o público ecologicamente correto, sem fazer as mudanças necessárias em sua estrutura produtiva e/ou comercial.
Conseguiu identificar alguns exemplos de greenwashing que você já presenciou? Infelizmente, ele está muito presente no nosso dia-a-dia. Por isso, sempre que nos depararmos com algum apelo verde, não devemos nunca aceitar e acreditar de primeira, sendo importante sempre questionar e ter um olhar crítico. Falando de cosméticos, é crucial sempre ler os rótulos e conhecer um pouquinho mais dos ingredientes que aplicamos em nossa pele. Uma ferramenta legal para pesquisar os ingredientes é a base de dados do EWG, que contém informações sobre toxicidade e biodegradabilidade de cada ingrediente cosmético. O blog Projeto Beleza Saudável tem uma série de posts com a tag greenwashing nos cosméticos, falando das principais marcas do mercado e se elas cometem ou não tão infração.
Referências
http://greenwashingindex.com/about-greenwashing/
http://embalagemsustentavel.com.br/2009/05/04/os-7-pecados-do-greenwashing/
https://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=16754919
3 comentários em “Conheça o greenwashing, a estratégia de marketing verde enganosa”