“Do It Yourself” (DIY), do inglês “Faça Você Mesmo”, é a filosofia da Jaci. O termo DIY refere-se à prática de fazer, consertar ou reformar algo por conta própria ao invés de comprar ou pagar por um trabalho profissional.
Acreditamos que através da informação e educação, compartilhando receitas caseiras, é possível incentivar as pessoas a se libertarem cada vez mais consumismo desenfreado. Para os cosméticos, isso significa evitar o consumo de produtos cheios de substâncias tóxicas, além de aderir a um estilo de vida muito mais saudável (e econômico, diga-se de passagem).
Para começar a se aventurar a fazer suas próprias receitas de cosméticos, vamos falar do ingrediente mais multifuncional que existe: o óleo de coco!
Quando falamos do óleo de coco, não falamos apenas do coco que conhecemos, o coco da praia. A biodiversidade brasileira é tão rica, que temos outros tipos de coco cujo óleo tem uma composição quase idêntica: coco licuri, coco babaçu e coco palmiste. Abaixo, um pouquinho das principais características de cada um:
Coco licuri
O licurizeiro (nome científico: Syagrus coronata) é uma palmeira sertaneja, típica da Caatinga brasileira. Seus frutos são cocos pequenininhos, de 2 cm de tamanho. Do licuri tudo se aproveita: as folhas são utilizadas na fabricação artesanal de sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, entre outros. O fruto produz um óleo utilizado na culinária, similar ao óleo de coco, sendo também considerado o melhor óleo do país para a fabricação de sabão. A amêndoa é também utilizada na fabricação de doces, como a cocada, de licores e do leite de licuri, especialidade da cozinha baiana. Os resíduos da extração do óleo da amêndoa são empregados na alimentação animal. Sua casca é utilizada como combustível de fornos à lenha. O licuri tem sido uma importante fonte de alimento e sustento para diversas comunidades do semi-árido baiano, dentre elas a comunidade de Jaboticaba, distrito de Quixabeira, região de Capim Grosso- Bahia. Em pesquisa etnobotânica realizada em fevereiro 2007 pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), foi verificado que mais de 50{d472cbc9b4e5b7840d5104aea9a3b0a6f44f9dfecef370459faa46ba60659749} das famílias de Jaboticaba trabalham com o licuri, e em muitas vezes esta atividade é a única fonte de renda de famílias inteiras.
Coco Babaçu
O babaçu é um tipo específico de palmeira que cresce de forma extensiva no nordeste do Brasil e produz um coco muito pequeno. O coco é geralmente coletado por mulheres de uma das regiões mais pobres do Brasil, chamadas de quebradeiras de coco babaçu. A fruta do babaçu é suplemento essencial da dieta e fonte de renda para famílias em comunidades rurais da região, e ainda hoje tem um grande valor econômico, porque rende um número infinito de produtos derivados. Pode ser usado para fazer óleo para cozinha, cosméticos, farinha (para fazer bolos, pão e pudins), carvão vegetal, sabão, papel, e produtos de cartão. O óleo extraído é ainda usado para a fabricação de sabonetes, cosméticos, margarina e gorduras especiais. Calcula-se que no Brasil entre 300.000 e 400.000 extrativistas vivam da atividade de coleta de coco e aproveitamento da palmeira do babaçu. A apropriação ilegal da terra por grandes empresas e o aumento de cultivo de soja em grandes monoculturas industriais estão ameaçando a sobrevivência da produção do coco de babaçu. O óleo extraído é usado para a fabricação de sabonetes, cosméticos, margarina, gorduras especiais e óleo de cozinha.
Vídeo: Quebradeiras de coco babaçu do Maranhão mostram sua resistência através da agroecologia.
Fonte: Slow Food Brasil
Coco palmiste
O Óleo de Coco Palmiste é extraído da amêndoa encontrada dentro do coco do dendezeiro (nome científico: Elais Guineensis). Da polpa do fruto, se extrai também o óleo de dendê e o óleo de palma. O dendezeiro é encontrado em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até Angola. Foi levado ao Brasil no século XVII, e adaptou-se bem ao clima tropical úmido do litoral baiano. Dela, extrai-se o azeite de dendê, que refinado passa a se chamar óleo de palma. Seu rendimento é muito grande: produz 10 vezes mais óleo que a soja, 4 vezes mais que o amendoim e 2 vezes mais que o coco. Por esse motivo, o óleo de palma é muito utilizado pela indústria alimentícia.
Todos eles vêm de diferentes plantas, mas têm algo em comum: são extremamente versáteis! Ricos em ácido láurico, são muito benéfico à saúde, pois aumentam o sistema imunológico. Aguentam altas temperaturas sem oxidar, sendo portanto o melhor óleo para cozinhar. São excelentes para umectação capilar, para escovar os dentes, e para diversas outras usos na beleza. Em um próximo post, compartilharemos todas as receitas e maneiras de usar esse óleo maravilhoso que conhecemos e testamos (será um post looongo). Aguardem!
Referências
Cerratinga. “Licuri – Espécie da Caatinga”. Disponível em: http://www.cerratinga.org.br/licuri/
Slow Food Brasil. “Sabores em risco – o licuri”. Disponível em: http://www.slowfoodbrasil.com/textos/noticias-slow-food/565-sabores-em-risco-o-licuri
Olá Jaci!
Tudo bem?
Gostaria que você me tirasse uma dúvida.
Eu vou fazer um sabonete artesanal Cold PROcess. E na receita leva óleo de babaçu. Mas quando vou procurar na internet para comprar aparece oleo de coco de babaçu.
Existe alguma diferença ou é a mesma coisa? Oleo de babaçu X Óleo de coco de babaçu?
Oi Fatima, tudo bem e por aí?
Não existe nenhuma diferença não, pode ficar tranquila. É o mesmo óleo 🙂
Bom dia, eu posso substituir o de babaçu pelo palmiste na receita de um sabonete artesanal?
Grata
Oi Patrícia, pode sim! 🙂 Eles são óleos muito similares na composição graxa, então pode trocar sem problemas!
Daniella, Patricia, muito boa a reportagem. Aprendi bastante!!
Vocês vendem óleos bases para saboaria? Ou indicam fornecedores seus?